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terça-feira, 19 de abril de 2011

CONFISSÕES DE UMA DESLIGADA


Mirian Montanari Grüdtner

Um dia fui ao restaurante. Servi meu prato. Peguei os talheres. Mas só quando fui comer percebi que havia pegado duas facas. Desligada...

Outro dia, de manhã, peguei a chave e desci do meu apartamento, o 601, para o estacionamento pra levar as meninas pra escola. Quando fui abrir o carro, a chave era da porta de casa, muito diferente da chave do carro. Então tive que subir novamente e pegar a chave do carro. Desligada...

Outra vez, estava me arrumando para ir a um casamento. Então procurei meu relógio mais bonito que gosto de usar nessas ocasiões. Abri a caixa dele e... que susto! Não estava lá! “Onde estará meu relógio?” Tentei procurar em todos os lugares onde poderia encontrá-lo e nada. “Pronto, perdi meu relógio.” Lembrei que a última vez em que o havia usado foi num casamento em Santa Catarina. “Devo ter deixado na minha sogra.” Por coincidência, dias depois, meu marido estava indo pra lá. Pedi a ele que verificasse pra mim. E ele verificou. “Não. Ninguém achou seu relógio. Aqui não ficou. “É. Já era meu relógio.” Uns três meses depois, eu estava saindo de viagem e meu marido quis colocar a passagem num bolso externo da minha bolsa, daquelas bolsas que a gente usa todos os dias, sabe? Eu não me enganei ao escrever que a gente usa todos os dias, não... E quando ele abriu o bolso, o que foi que encontrou? É. Meu relógio quietinho e muito comportado durante esse tempo todo, passeando comigo dentro da minha bolsa pra lá e pra cá. Bem, ele, meu distinto marido, só olhou pra mim e abanou a cabeça, querendo dizer o que já sei de cor e salteado: “Você não tem jeito mesmo, né? Continua desligada...”

A minha lista de histórias inclui a da chaleira nova fervendo com um dedo de água durante uma pequena saída de cinco horas de duração. Nem preciso dizer que perdi minha chaleira bonita, presente de casamento. Inclui um sem-número de estojos de lápis, guarda-chuvas perdidos e carteira cheia de dinheiro deixada no carro aberto, no estacionamento (que não era o de casa...). Inclui também algumas “caçadas” ao lixo das praças de alimentação dos shoppings pra encontrar meu aparelho ortodôntico.

Uma vez, um senhor conhecido meu esqueceu um livro na mesa de uma recepção e a recepcionista deixou escapar um: “Coitado, esse aí, aonde vai deixa alguma coisa...” Pensei comigo: “Xii, será que já falaram de mim: “Ih, coitada! Aonde ela vai, lá esquece alguma coisa...”?

Bem, mas só os desligados têm certos privilégios, como o de receber duas gentilezas no mesmo horário, em dias diferentes, pelo mesmo motivo e da mesma pessoa... Dia desses fui levar as meninas pra escola, num carro azul escuro. Um Uno branco apareceu, buzinando, e emparelhou-se ao meu. Um senhor gordinho, de cabelos e bigode pretos avisou que a minha porta estava aberta. Agradeci e fechei a porta. No dia seguinte, eu estava com outro carro. No mesmo local, no mesmo horário, um Uno branco apareceu, buzinando e emparelhou o carro ao lado do meu. Um senhor gordinho, de cabelos e bigode pretos avisou que a minha porta estava aberta. Agradeci e fechei a porta novamente...

Bem, eu não poderia falar só de mim... Ou me sentiria a criatura mais extraterrestre do planeta. Seria eu a única com tantas histórias de falta de atenção?

Outro dia, um amigo nosso foi à Alemanha assistir a um jogo importante do Brasil. Pra aproveitar melhor a viagem, sua esposa, minha amiga, pediu que ele trouxesse cremes para ela. E ele comprou e comprou muitos cremes. E ele foi para o estádio. Mas antes, decidiu estrear um dos novos cremes no rosto. Estava muito calor e ele queria hidratar bem e proteger a pele do rosto. Terminou o jogo, ele voltou ao hotel. Estranho. Seu rosto começou a arder... Depois ficou colorido de um vermelho muito vivo. Não passou muito tempo pra ele descobrir que o creme que havia usado era, na verdade, sabonete... Sem comentários... Quem sou eu pra fazê-los?

Vamos parar essas histórias por aqui. Eu desejo sinceramente que a minha coleção não aumente... Até ouso dizer que me sinto em processo de melhorias. Nunca mais peguei chave errada. Nunca mais me esqueci onde pus o tíquete de estacionamento. Nunca mais deixei panela ligada, ao sair de casa. E o mais importante... Isso meu marido me fez prometer de pé junto: “Por favor, não se esqueça de que você é uma mulher casada.” Eu prometi já faz 21 anos e estou cumprindo ao pé da letra...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

ATIVIDADE FÍSICA X ESPIRITUALIDADE


Mirian Montanari Grüdtner

Eu passava uns dias de férias na casa de meus pais, um raro momento em que todos os cinco irmãos estão reunidos, numa pequena cidade no Mato Grosso do Sul. Numa manhã, acordei bem cedo e fui chamando um por um para darmos uma caminhada. Sempre que viajo, costumo levar na bagagem tênis e uma roupa apropriada para uma caminhada ou uma pequena corrida. Acontece que no dia anterior havia chovido e meu tênis ficou todo encharcado. Minha mãe estava muito animada para a caminhada e não querendo que nada impedisse o programam matinal, veio com uma chuteira do meu pai, tamanho 41. (Fique bem claro que o número que calço é 38...) “Mas, mãe, não tem condição! É muito grande! Vai machucar meu pé...” “Filha, tenta colocar algodão que vai ficar bom.” Bem, quando mãe fala a gente tem que obedecer. Na verdade, o algodão tinha acabado e me restou rechear a ponta da chuteira com quase metade de um rolo de papel higiênico, que não tinha exatamente essa finalidade.

Pés bem calçados, saí faceira com a turma para a caminhada, que, sem dúvida, foi a mais divertida que já fiz na vida...

Para a grande maioria das pessoas, exercitar-se significa caminhar, pois é fácil, não prejudica as articulações e queima calorias. Porém, seja caminhar ou praticar alguma outra modalidade de atividade física, o importante são os benefícios para a saúde. Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, acompanharam, durante 25 anos, 17 mil estudantes recém-saídos da faculdade e concluíram que “cada hora dedicada ao exercício físico rende duas horas a mais de vida.” E notaram também que “o sedentarismo está ligado a 37% das mortes por câncer, a 54% dos óbitos por doenças cardiovasculares e a 50% dos derrames fatais.”1

Movimentar o corpo não é exclusivamente uma questão de beleza ou estética, mas de qualidade de vida. “Atividades aeróbicas, como caminhada, ciclismo, e natação ajudam a preservar o ritmo respiratório, garantem o bom funcionamento dos músculos, contribuem para a queima de gordura e estimulam as células produtoras de ossos a trabalharem com mais vigor, prevenindo o enfraquecimento ósseo. A musculação promove a saúde do esqueleto aumentando a produção de massa óssea. O alongamento ajuda a manter as articulações em bom estado.”2 Assim, para aumentar e manter o fôlego, a força, a flexibilidade e a coordenação motora, é indicado que se agreguem atividades aeróbicas, musculação e alongamento.

A musculação e o exercício aeróbico também são recomendados para idosos no combate à osteoporose, dores nas costas e doenças cardíacas. De acordo com o geriatra José Mario machado, “quanto mais a pessoa fica parada, pior o osso fica. Os exercícios em academias estimulam o osso a reter e a buscar cálcio na sua estrutura, o que impede que a estrutura óssea fique porosa, leve e se quebre com facilidade. E a atividade também condiciona a musculatura e diminui a atrofia, que é o principal causador das dores.”3

Já dizia o poeta romano Juvenal (60-130d.C.): “Mens sana in corpore sano” – mente sã em corpo são. Está comprovado que o exercício beneficia não somente a saúde física, mas também a mental. E os médicos têm procurado conscientizar a população de que ele é eficaz na prevenção e no tratamento da depressão. O Dr. José Antonio Atta, chefe do Ambulatório de Clínica Geral do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, afirma que a atividade física previne o aparecimento de sintomas depressivos em jovens, adultos e idosos, além de melhorar o humor e o bem-estar, reduz o risco de Mal de Alzheimer e da demência senil. Segundo ele, no caso de depressão, os resultados surgem de seis a oito semanas após o início dos exercícios regulares.

O psicólogo Henry Link tinha um procedimento interessante em relação aos pacientes que chegavam muito tensos ao seu consultório. Antes de começar a entrevista com o paciente, ele solicitava que eles caminhassem vigorosamente ao redor do quarteirão, três vezes. Quando os pacientes retornavam, já se encontravam menos ansiosos, com maiores chances de assimilar a terapia e aprender a administrar as preocupações. 4

São inquestionáveis os benefícios do exercício para a saúde física e mental. Para o Dr. S.I. McMillen,5 “corpo indisciplinado gera alma e mente indisciplinadas. Contudo, as pessoas que fazem exercícios regulares acham mais fácil disciplinar-se em outros aspectos da vida, tais como dietas de alimentação saudável, devoções regulares, controle do pensamento e muitos outros.”

E o que o exercício físico tem a ver com a nossa vida espiritual? Lembremo-nos de que nosso corpo é o templo do Espírito Santo. Mas para que Ele habite em nós, para que se comunique conosco e para que tenhamos percepção de Sua voz, é preciso que cuidemos desse templo. Dentre os benefícios gerados pela atividade física, sabe-se também que ela aumenta a produção de neurotransmissores cerebrais, melhorando o humor, diminuindo o estresse, mantendo o indivíduo mais alerta, mais disposto, com maior capacidade de concentração, fatores necessários para a comunhão com Deus. É preciso que estejamos com nosso corpo livre de impurezas, tensão, estresse, pois só assim a voz de Deus terá livre trânsito em nossa mente.

Há mais de cem anos, inspirada por Deus, Ellen White já exortava sobre a importância de exercitar o corpo: “O organismo precisa da revigorante influência do exercício ao ar livre. Umas poucas horas de trabalho físico diariamente tenderiam a renovar o vigor físico e dar repouso e alívio à mente.” 4 T 264 (1876). Dirigindo-se aos jovens, ela disse: “... o exercício rigoroso, severo, fortalece cérebro, ossos e músculos. (...) Sem semelhante exercício a mente não pode estar em condições de trabalho. Ela não pode apresentar a ação rápida e incisiva que dá finalidade às suas faculdades. Torna-se inativa. Semelhante jovem nunca, nunca se tornará o que Deus pretendia que ele fosse.” CT 103 (1900). Àqueles que se dedicam à pregação e ao esforço mental, ela se dirige assim: “... está constantemente forçando o cérebro, enquanto muitas vezes negligencia o exercício físico, e em resultado, as faculdades físicas são enfraquecidas e o esforço mental é restrito.” OE 240 (1893) É interessante que certa vez ela deu o seguinte conselho a uma mãe inválida: “Poderá fazer o exercício de andar, e cumprindo deveres que exijam trabalho leve, no seio da família, e não dependendo tanto dos outros. (...) O exercício, para lhe ser de positiva vantagem, deve ser sistematizado e levado a influir nos órgãos debilitados, para que se possam fortalecer pelo uso.”3T 76 (1872). E ainda, referindo-se ao exercício, Ellen White diz: “Nenhum homem, mulher ou criança que deixe de usar todas as faculdades que Deus lhe deu, pode conservar a saúde. Não poderá guardar conscienciosamente os mandamentos de Deus. Não poderá amar a Deus supremamente e ao próximo como a si mesmo. Ct 145 (1897).

Se você ainda não possui o hábito de praticar alguma atividade física, ore a Deus para que o ajude a fazê-lo com um sagrado propósito: manter seu corpo como o templo de Deus e prepará-lo para melhor ouvir e obedecer à voz de Deus. Calce um bom tênis de caminhada, coloque roupas leves; escolha, de preferência, um horário de sol ameno e um local afastado do barulho de carros e buzinas, onde você possa caminhar com segurança, respirando ar puro e se deleitando com a paisagem. Faça essa experiência e, em poucas semanas, eu tenho certeza de que você será grandemente recompensado!

1. Revista Veja. Não dá para não fazer. Edição especial no. 20, ano 35, novembro de 2002. Editora Abril, pág 14.

2. Idem.

3. Gazeta do Povo, 6 de setembro de 2004. Paraná. Musculação combate a osteoporose, por Paula Girardi. Pág5

4. PEALE, Norman Vincent. O poder do entusiasmo. Cultrix. P.89

5. MCMILLEN, S.I. Nenhuma enfermidade. Vida. 1986. Flórida, p. 138.

terça-feira, 12 de abril de 2011

PROCURO UM GRANDE AMOR


Mirian Montanari Grüdtner

Procuro um grande amor,

para com ele dividir uma vida inteira: sonhos e desilusões, vitórias e fracassos, risos e lágrimas...

Um amor que não esconda seus afetos, mas que os demonstre através de olhares, toques, abraços, beijos...

Procuro um grande amor...

Não precisa ser perfeito, porque também saberá aceitar imperfeições minhas.

Mas que saiba perceber seus erros, que reconheça suas faltas

e peça perdão sem ficar se justificando.

Procuro um grande amor

que me conheça sem minhas máscaras, e mesmo assim me aceite.

Procuro um grande amor

que consiga me perdoar e me olhar sem mágoa, quando eu falhar sem intenção,

e mesmo, se possível, que consiga me perdoar quando eu errar intencionalmente e ainda não tiver pedido perdão.

Procuro um grande amor que me seduza...

Ah, que saiba usar essa poderosa arma de estimular!

Um grande amor, cuja companhia seja um refúgio onde eu possa relaxar da constante pressão

de ter que representar.

Procuro um grande amor que acredite e confie em mim...

Que promova a minha autoconfiança e me leve à coragem de assumir riscos,

E me faça ir além do que considero possível.

Pois assim, se eu não matar monstros e escalar montanhas,

no mínimo, serei capaz de conquistar o espaço que me cabe.

Procuro um grande amor

que aceite me amar do jeito que eu preciso: seja respeitando, compreendendo, dando atenção, apoiando, motivando, participando comigo.

Um amor que não me exija submissão ou amor, mas que saiba conquistar isso.

Procuro um grande amor

que escolha se calar diante de meus defeitos e escolha elogiar meus acertos.

Procuro um grande amor

que ame muito a Deus, e que se sinta muito amado por Ele – assim,

o amor que procuro será verdadeiro, puro

e cada vez mais forte.

Procuro um grande amor que realmente se ame,

porque terei a segurança de que me amará como a ele mesmo.

E nunca se cansará de dizer: “Eu te amo!”, seja qual for o momento.

Procuro... Procuro... Procuro...

Mas que nessa minha procura,

eu descubra em tempo

que somente encontrarei o grande amor que procuro,

se primeiro...

eu me tornar um grande amor...

NÃO COMA CHOCOLATE!!



MIRIAN MONTANARI GRÜDTNER

1\nov\2005

(As afirmações científicas são de total responsabilidade das observações, experiências e comprovações da autora.)

Parte I

Tudo corria bem entre duas irmãs: 14 e 8 anos. Pequenas e grandes provocações já faziam parte da rotina de uma pobre mãe: eu.

Mas foi tudo por culpa do chocolate que a mais velha estava escondendo com as mãos pra trás. É necessário justificar que chocolate, esse doce marrom cheio de teobromina, sacarose, gordura hidrogenada, anti-derretedor, anti-azedador, anti-raciocínio, anti-bom- humor, gastrítico, flatulento, lipídico, criado pelo mais superior dos animais, é algo terrível para a saúde. Judia dos neurônios humanos, coitados... Viu? Não coma chocolate...

Acontece que a mãe (eu, no caso) tentava ser legal e brincava de fazer cócegas pra mais velha soltar o chocolate, pois ela já estava exagerando na dose, mas, já com o lobo frontal dominado pelo chocolate (Não coma chocolate.), ela começou agitar as pernas (Chocolate gera espasmos e agitações descontroladas.) e pá! Acertou o pé na mais nova, que, também, sob efeito do chocolate, perdeu as estribeiras. (Chocolate gera impaciência e irritabilidade.)

Parte II

Pouco antes do chocolate entrar em cena, a mais nova experimentava uma das recentes aquisições da mãe (eu mesma): uma sandália de salto alto, alto mesmo, prata. Depois de ela ter desfilado um pouco, largou esse inofensivo objeto pelo chão. E no momento em que o chocolate fazia efeito sobre seu cérebro, ela teve que tomar uma decisão: reagir precipitadamente jogando a sandália na irmã que a tinha atingido com o pé, ou controlar-se. Mas como chocolate pode acelerar as tomadas de decisões, bem como, distorcê-las, ela optou por atirar o objeto pontiagudo no alvo que a havia incomodado.

Parte III

A mãe, essa criatura adorável que constantemente é submetida a sustos e sobressaltos gerados pelas intermináveis traquinagens pueris, se deparou com o rosto da mais velha a escorrer sangue. Não, ela, a mãe, ainda não tinha se recuperado totalmente da corrida anterior ao hospital infantil com a caçula, de ambulância e tudo. Apenas deu um suspiro e meio a sonhar disse: “Pegue essa toalhinha, coloque no rosto para segurar o gelo e vamos para o hospital.”

Parte IV

No hospital atenderam rápido. O médico não costurou porque hoje as coisas evoluíram bastante. Estão usando uma cola, tipo uma superbonder pra pele, entende? Mas isso nem foi novidade para a mãe, porque antes do fato da ambulância, ela já havia corrido praquele mesmo hospital, de carona com um estranho, pra levar uma amiguinha da caçula que tinha feito um baita corte na testa brincando em casa. Ufa!!

Bem, além da mais velha ter sido colada pelo médico, ainda recebeu um homérico sermão dele para ser repassado para a caçula, e ainda um: “Não coma chocolate!”.

Parte V

Abrindo a porta da casa, a mãe não encontra a caçula, que havia ficado em casa porque exatamente quando saía para levar a mais velha, o pai chegava.

Cadê a caçula?!” O pai não sabia. A mãe procurou, procurou e procurou. E nada! A gaiola do mascotinho, uma chinchila chamada Bill Clinton, estava aberta. “Ela sumiu e levou a chinchila junto...” Depois de procurar muito dentro de casa, a mãe, se depara com um tragicômico bilhete na geladeira: “Não me espere pro jantar. A caçula.

Estaria ela ainda sob efeito do chocolate?” “Será que ela fugiu de casa?” “Como pôde ousar ser tão dramática?!” (Chocolate gera chantagistas!)

Parte VI

E ela, a mãe, ligou para a portaria: Nada. A porteira interfonou para a longa lista de amigas da caçula: “A caçula está por aí?” “Aquela menininha clarinha está aí?” Por acaso a menininha do 601 não está brincando aí?” “É. Aquela bem ativa, de cabelinho claro... Ah, não está?” “Olha, senhora mãe, nos apartamentos ela não está.”

E a senhora mãe foi procurar na churrasqueira, no salão de festas, no play, na quadra, no bicicletário, e ainda foi subir e descer DEZOITO andares para procurar nas escadarias. (Dezoito mais dezoito dá 36. Pode multiplicar cada andar por uns quinze degraus...) Nada. Nada. Nada.

Parte VII

E ela (aquela mãe tão desafiada, coitada) voltou para seu apartamento, preocupada. Mas eis que a caçula está lá.

Quer saber? Tinha se escondido dentro de seu guarda-roupa, atrás do cabideiro, onde ela havia pendurado também uma colcha para “disfarçar” seu esconderijo. As duas já tinham se acertado, e feito eternas juras de amor até que a próxima brig (ops) até que o próximo chocolate as separe.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

NO ELEVADOR - a mala e o mala


Mirian Montanari Grüdtner

Eu fui a primeira a entrar no elevador com as meninas. Pudera! Levou tempo até nos disciplinarmos a fazer tudo que tinha que ser feito e sair pr’a escola no horário, com tudo em ordem, sem aquela típica correria: “Tá atrasada!” “Vai perder a primeira aula.” “Mãe, a Ju me atrasando!” “ indo na frente a pé. Vocês só me atrasam...” “Que droga!” Dessa vez não teve gritaria, irritabilidade à flor da pele, apesar da vontade de estar na cama fofa, quente e gostosa, no quarto silencioso e escuro. Ufa! As três estão tranquilas e serenas.

O elevador pára no 4. Entra mais uma mãe, cheirando muito a cigarro, com uma adolescente de piercing no nariz. “Bom dia!” “Bom dia!” As duas conversam numa boa.

Pára no 3. Um pai alegrinho entra dando bom dia pra todo mundo. Daí entra o filho com a maior carinha de arrogante e risinho contido. Uns 12 ou 13 anos. Mas antes que a porta se feche: “Pai, cadê a minha mala?” “Ué, filho, cadê?” E o menino: “Mas cê é um mala, mesmo!” O pai dá aquela olhada amarela, bem amarela, de pai de moleque de cara arrogante e saem os dois do elevador. Pra quê? Pra o mala buscar a mala, oras! Afinal, tem pai que é mala porque aceita ser mala dos malinhas dos filhos deles...

Pára no 2. Entra um menino sozinho. A mulher do 5 fala: “Esse não sem mala...” E a filha responde: “Mas ele sem uniforme...”

Pára no S1 – de subsolo 1, onde fica a metade dos carros dos condôminos. E o menino do 2 diz: “Ops, me esqueci de apertar o zero! Deixa que eu subo a pé mesmo...”

Desce a mãe com cheiro forte de cigarro com a adolescente de piercing no nariz. Desce o menino do 2 que esqueceu de apertar o zero e sobe escada acima pra não perder a van.

Pára no S2 – de subsolo 2, onde fica a outra metade dos carros dos condôminos. Desço eu. Descem minhas duas meninas. Uma delas diz: “Mãe, olha. O vizinho do 901 esqueceu os faróis ligados a noite toda.” “Huuum, haja bateria...”

Ligo o carro. Saio. Que sorte. Saindo mais cedo, o trânsito ainda flui tranquilo. Quase todos os sinais verdes. Chegamos bem em tempo. “Tchau, mãe.” Beijo. “Tchau, mãe.” Beijo.

Volto pra casa. Estaciono o carro. Entro no elevador. Interfono: “Bom dia, portaria. Por gentileza, avisem o 901 que os faróis do carro estão ligados.”

Saio do elevador. O elevador se fecha e vai continuar seu serviço. Entro em casa. A primeira missão da manhã cumprida. Amanhã tem mais.

OLHA PRA FRENTE!

Mirian Montanari Grüdtner

Durante as últimas férias, realizei um sonho que me perseguia havia tempo: surfar. Um instrutor foi designado pra me orientar sobre as regras, na areia. Depois treinamos a sequência de movimentos em águas calmas e finalmente fomos para o mar.

O instrutor orientava: “Mirian, atenção! Uma onda boa vem a caminho. Deite-se na prancha e reme (com os braços). Assim que a onda vier, aguarde-a bater nos seus pés. Então, reme muito rápido, puxe a perna direita e apóie o dedão na prancha. Braços flexionados ao lado do peito apoiados na prancha, puxe a perna esquerda e levante-se, mantendo os braços na posição correta e os olhos pra frente.”

Quantos comandos ao mesmo tempo! Eu me concentrava, esperava a onda bater, então remava muito rápido pra pegar o melhor da onda, ajeitava-me na posição correta e tentava me levantar. Porém mal conseguia me equilibrar na prancha. Então vinha o treinador: “Mirian, você se esqueceu de olhar pra frente. Estava olhando para a prancha. Tem que olhar para a direção em que vai seguir: pra frente.” E durante as minhas tentativas de ora quase ficar em pé, ora cair, o comando se repetia: “Olhe pra frente, Mirian! 80% do seu equilíbrio na prancha depende de você olhar pra frente! Vamos lá!”

E foi assim que comecei a me equilibrar sobre a prancha – olhando sempre pra frente.

Esse fato me marcou muito, logo no início do ano, quando tenho tantos desafios a enfrentar e decisões a fazer. Se eu quiser obter vitórias durante este ano, preciso olhar prá frente, não para os lados, nem para baixo. E aqui vai a lista das dicas de como pretendo olhar prá frente neste ano de 2011:

1. Ter meu momento de comunhão com Deus a cada início de dia.

2. Não me esquecer de que quem mais torce para que eu me mantenha em pé é Deus, que chegou a morrer por mim, a fim de que eu vença.

3. Cuidar de meu corpo e de minhas percepções (alimentação, exercícios, respiração, etc), pois é o templo de Deus, e através do qual Ele me fala.

4. Agradecer a Deus por minhas vitórias diárias, como não ter esquecido onde coloquei o tíquete do estacionamento e não ter deixado o gás ligado.

5. Lembrar que Deus já me deu muitas vitórias, a despeito dos fracassos, por isso vale à pena continuar lutando.

6. Refletir nos meus relacionamentos, a misericórdia e a graça que Deus oferece a mim.

7. Seguir o exemplo divino, fazendo aqueles que eu amo saberem disso e fazer aqueles de quem discordo também saberem disso, se isso for saudável a ambos.

8. Escolher esperar mais em Deus a sucumbir à dor, à descrença e ao desânimo.

9. Treinar diariamente o contentamento, como São Paulo, para olhar o passado com aceitação e o futuro com esperança.

10. Assumir meus desafios, mesmo que eu tenha medo de não conseguir, mesmo que eu caia, mesmo que não acreditem em mim. O que importa é que vou ousar, acreditar e perseverar até conseguir me manter em pé e dizer: “Consegui!"