MIRIAN MONTANARI GRÜDTNER
1\nov\2005
(As afirmações científicas são de total responsabilidade das observações, experiências e comprovações da autora.)
Parte I
Tudo corria bem entre duas irmãs: 14 e 8 anos. Pequenas e grandes provocações já faziam parte da rotina de uma pobre mãe: eu.
Mas foi tudo por culpa do chocolate que a mais velha estava escondendo com as mãos pra trás. É necessário justificar que chocolate, esse doce marrom cheio de teobromina, sacarose, gordura hidrogenada, anti-derretedor, anti-azedador, anti-raciocínio, anti-bom- humor, gastrítico, flatulento, lipídico, criado pelo mais superior dos animais, é algo terrível para a saúde. Judia dos neurônios humanos, coitados... Viu? Não coma chocolate...
Acontece que a mãe (eu, no caso) tentava ser legal e brincava de fazer cócegas pra mais velha soltar o chocolate, pois ela já estava exagerando na dose, mas, já com o lobo frontal dominado pelo chocolate (Não coma chocolate.), ela começou agitar as pernas (Chocolate gera espasmos e agitações descontroladas.) e pá! Acertou o pé na mais nova, que, também, sob efeito do chocolate, perdeu as estribeiras. (Chocolate gera impaciência e irritabilidade.)
Parte II
Pouco antes do chocolate entrar em cena, a mais nova experimentava uma das recentes aquisições da mãe (eu mesma): uma sandália de salto alto, alto mesmo, prata. Depois de ela ter desfilado um pouco, largou esse inofensivo objeto pelo chão. E no momento em que o chocolate fazia efeito sobre seu cérebro, ela teve que tomar uma decisão: reagir precipitadamente jogando a sandália na irmã que a tinha atingido com o pé, ou controlar-se. Mas como chocolate pode acelerar as tomadas de decisões, bem como, distorcê-las, ela optou por atirar o objeto pontiagudo no alvo que a havia incomodado.
Parte III
A mãe, essa criatura adorável que constantemente é submetida a sustos e sobressaltos gerados pelas intermináveis traquinagens pueris, se deparou com o rosto da mais velha a escorrer sangue. Não, ela, a mãe, ainda não tinha se recuperado totalmente da corrida anterior ao hospital infantil com a caçula, de ambulância e tudo. Apenas deu um suspiro e meio a sonhar disse: “Pegue essa toalhinha, coloque no rosto para segurar o gelo e vamos para o hospital.”
Parte IV
No hospital atenderam rápido. O médico não costurou porque hoje as coisas evoluíram bastante. Estão usando uma cola, tipo uma superbonder pra pele, entende? Mas isso nem foi novidade para a mãe, porque antes do fato da ambulância, ela já havia corrido praquele mesmo hospital, de carona com um estranho, pra levar uma amiguinha da caçula que tinha feito um baita corte na testa brincando
Bem, além da mais velha ter sido colada pelo médico, ainda recebeu um homérico sermão dele para ser repassado para a caçula, e ainda um: “Não coma chocolate!”.
Parte V
Abrindo a porta da casa, a mãe não encontra a caçula, que havia ficado em casa porque exatamente quando saía para levar a mais velha, o pai chegava.
“Cadê a caçula?!” O pai não sabia. A mãe procurou, procurou e procurou. E nada! A gaiola do mascotinho, uma chinchila chamada Bill Clinton, estava aberta. “Ela sumiu e levou a chinchila junto...” Depois de procurar muito dentro de casa, a mãe, se depara com um tragicômico bilhete na geladeira: “Não me espere pro jantar. A caçula.”
“Estaria ela ainda sob efeito do chocolate?” “Será que ela fugiu de casa?” “Como pôde ousar ser tão dramática?!” (Chocolate gera chantagistas!)
Parte VI
E ela, a mãe, ligou para a portaria: Nada. A porteira interfonou para a longa lista de amigas da caçula: “A caçula está por aí?” “Aquela menininha clarinha está aí?” Por acaso a menininha do 601 não está brincando aí?” “É. Aquela bem ativa, de cabelinho claro... Ah, não está?” “Olha, senhora mãe, nos apartamentos ela não está.”
E a senhora mãe foi procurar na churrasqueira, no salão de festas, no play, na quadra, no bicicletário, e ainda foi subir e descer DEZOITO andares para procurar nas escadarias. (Dezoito mais dezoito dá 36. Pode multiplicar cada andar por uns quinze degraus...) Nada. Nada. Nada.
Parte VII
E ela (aquela mãe tão desafiada, coitada) voltou para seu apartamento, preocupada. Mas eis que a caçula está lá.
Quer saber? Tinha se escondido dentro de seu guarda-roupa, atrás do cabideiro, onde ela havia pendurado também uma colcha para “disfarçar” seu esconderijo. As duas já tinham se acertado, e feito eternas juras de amor até que a próxima brig (ops) até que o próximo chocolate as separe.
Que blog legal!!realmente chocolate tem sido um grande problema na saude de cada um de nos...acho que qualquer combinacao leite com acucar ne!
ResponderExcluirtento resistir os famosos Flan mexicanos...ou nossos deliciosos Mousse de maracuja e tao nobre que coloquei maiusculas rszzz
bjs
ai tia que legal! Curti muito e dei risada demaaaais!!!!! parabééns
ResponderExcluirQ bom, Tassinha! Visite sempre que puder!
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