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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Fica comigo, amor!

Mirian M. Grüdtner

O tempo passa depressa...

Tantas coisas a fazer...

Mas fica comigo, amor!

Quero sonhar teus sonhos...

Aplaudir tuas conquistas...

Sorrir teus sorrisos...

Quero envolver-me em teus fortes braços...

Aconchegar-me no teu regaço...

Fica, amor, comigo!

Vem me beijar com tua boca doce;

Vem me tocar com ternura.

Quero sentir teu perfume.

Vem, amor...

Vem ficar comigo!

Seca minhas lágrimas,

Acalma meus medos,

Perdoa minha imperfeição.

Vem, amor...

Meu grande amor!

Meu eterno amor!

Acaricia meus cabelos...

Segura minha mão...

Aquece meu coração...

Beija-me outra vez;

Abraça-me de novo.

Acalma-me novamente.

Fica comigo, amor!

Fica sempre comigo,

Porque é o Amor que nos une.

E esse Amor é eterno.

Fica comigo, amor...

A noitinha vem chegando...

Já preparei a ceia

E nossa câmara há tempo está pronta.

Vamos comemorar nosso amor...

(Ao meu amado, Gilson...)



terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fila de supermercado

Eu tinha pouco tempo para as compras, por isso muni-me de um carrinho e comecei a percorrer rapidamente os corredores do supermercado, onde estrategicamente arranjados se exibiam um sem-número de produtos à espera de consumidores vorazes ou mais contidos que os levassem para casa.

O tempo passava e eu corria contra ele, colocando no carrinho apenas o mais necessário: sucos, um cereal encomendado pela minha caçula e algumas frutas. Como minha mercadoria era pequena, decidi enfrentar a fila dos caixas-rápidos, que era quilométrica.

O tempo parecia voar até que, finalmente, havia apenas uma pessoa na minha frente. Foi quando me dei conta de que não havia pesado as frutas. Com uma indignação controlada retrocedi, passando, com meu carrinho, por cada um dos clientes que agora formavam uma fila quilométrica atrás de mim. Acelerada, cheguei à fila da balança que se espremia no verdadeiro formigueiro de gente que se movia por entre as bancas de cebolas, tomates, bananas, e tantas frutas, verduras e legumes.

Na fila, algumas senhoras comentavam sobre a demora do atendimento, da pressa em ir para a casa, e eu, emendando a conversa, desabafei: “Veja só o meu azar... Já estava para passar pelo caixa, quando, depois de um bom tempo na fila, descobri que não havia pesado minhas frutas...” Uma senhora à minha frente, na sabedoria de seus sessenta e poucos anos, encarou-me com um olhar de solidariedade, e num breve sorriso, muito segura daquilo que queria falar, disse-me o seguinte: “Apenas, cante.” E depois repetiu: “Apenas cante.” Virou-se para frente e não disse mais nada. Colocou sua última mercadoria recém-pesada no carrinho e seguiu seu caminho rumo ao caixa.

Nunca mais a vi, mas, cada vez que tenho uma enorme fila (e olhe que não são poucas) a enfrentar ou quando, depois de um bom tempo na fila, chega a minha vez e a moça do caixa diz sem emoção nenhuma: “Moça, o meu caixa está fechando porque já deu o meu horário”, me deixando a ver navios com meu carrinho cheio de compras, lá vem a imagem daquela senhora dizendo: “Apenas cante. Apenas cante.”
(Mirian Montanari Grüdtner)